terça-feira, 10 de junho de 2008

Livros didáticos são jogados no lixo no Ceará

Pelo menos R$ 1,7 milhão que deveriam ter sido empregados em obras para melhoria de escolas e ruas foram parar nas mãos de empresas de fachada.
O município é Santana de Acaraú, no Ceará, a 230 quilômetros de Fortaleza. A população é de 28 mil habitantes. E a acusação, nas páginas de um relatório do Ministério Público, é de desvio de verbas federais. Pelo menos R$ 1,7 milhão que deveriam ter sido empregados em obras para melhoria de escolas e ruas foram parar nas mãos de empresas de fachada.
O que chama mais a atenção no esquema denunciado: as empresas de fachada disputam as licitações com propostas praticamente iguais. Num dos casos relatados, um milagre da probabilidade: as cinco construtoras concorrentes enviaram ofertas idênticas, centavo a centavo. É bom lembrar que, nessas concorrências, as propostas são oficialmente conhecidas apenas na abertura dos envelopes.
As denúncias não são novas na cidade. Em 2003, o vereador Francisco Carneiro da Silva presidia uma CPI sobre o uso de verbas públicas e sofreu um atentado. A mulher dele foi atingida por um tiro e morreu.
Na escola construída por Francisco, crianças do primeiro ao quinto ano estudam na única sala, ao mesmo tempo, com a mesma professora.
Na Escola Municipal Nazaré Severiano, onde os alunos chegam de pau-de-arara, livros escolares quase novos foram jogados no lixo.
Entre os livros que achamos no lixo, estavam alguns de História do Brasil. Dona Maria nasceu em Santana de Acaraú e viu um pouco dessa história. “Nada mudou em 87 anos. As casas que passou uma mão de cal, às vezes passa uma mão de cal na frente, outra coisa eu não vejo”.
Acadêmica: Sarah Vasques Macedo

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